Muitos se emocionaram ao ver o filme Bella e se convenceram do valor da vida depois de assistir ao curta metragem Crescendo, mas poucos sabem quem é Jason Jones, o cineasta por trás dessas produções.
Os filmes produzidos por Jones contam com uma característica muito própria de defesa da vida. A dramática trajetória pessoal foi o que fez com que ele se levantasse contra o aborto.
Tudo começou quando ele era adolescente e ateu. Ele próprio conta:
Faltavam dois dias para o meu aniversário de 17 anos, um sábado de manhã, dia depois de um jogo de futebol. Por causa do jogo, eu estava cansado e dolorido; mas eu podia sentir o cheio do café da manhã vindo debaixo e alguém subindo as escadas. Eu estava meio dormido. A porta do quarto abriu: era a minha namorada. Eu sorri, claro; mas pela cara dela vi que não era momento para isso. Era algo sério. Então me contive.
Depois de longos segundos, ela me olhou e disse “estou grávida”. Isso rapidamente me despertou. Nos sentamos ali, no meu quarto, dois jovens adolescentes. O meu quarto era ainda de um garoto – com pôsteres de futebol pendurados, tênis e luvas de beisebol espalhadas pelo chão. Mas lá estava eu, sentado ao lado da minha namorada grávida. De repente eu sabia que tinha perdido o direito de continuar sendo apenas um garoto. Minha namorada tinha estudado num colégio católico só de moças e queria entrar na universidade, eu sonhava em jogar futebol universitário e uma carreira na liga de futebol americano. Nós dois tínhamos planos para as nossas vidas. Era hora de jogar fora esses planos.
Nós pensamos juntos em como cuidaríamos da nova vida que criamos. Parecia completamente natural e, incompreensivelmente, também emocionante: a nossa vida adulta estava começando mais cedo do que tínhamos planejado, mas iria dar tudo certo. Então nós decidimos: eu iria deixar os estudos para entrar no exército (um amigo meu tinha acabado de fazer isso). A minha namorada iria manter as coisas em segredo, ela usaria blusas largas e tomaria vitaminas pré-natal até que eu voltasse da formação militar básica e então ficaríamos juntos – e eu cuidaria de nós três.
Foi o que fizemos. Fui me inscrever, fiz a papelada e precisava que a minha mãe e o diretor do meu colégio assinassem. No colégio havia 565 alunos, e a minha qualificação era o 565º lugar – então meu diretor ficou muito feliz em assinar esse papel. Minha mãe, com cinco filhos, também rapidamente assinou o papel – sem fazer muitas perguntas.
Quando cheguei à formação básica, eu não ia à igreja. Eu tentei uma vez, mas era demais para eu aguentar. Na verdade, percebi que preferia fazer qualquer outra coisa. Então perguntei aos sargentos “Quando todos vão à igreja, posso ficar aqui limpando?” Eles concordaram, assim assumi o dever de limpar panelas e frigideiras (que ninguém queria). Percebi que o meu posto estava ao lado de um congelador onde os sargentos escondiam barras de sorvete. Vi que se eu guardasse essas barras de sorvete dentro de baldes de gelo e escondesse no andar de cima, quando os soldados voltassem da igreja que eu poderia trocar: “Você lustra meus sapatos por uma semana? Ok, aqui está uma barra de sorvete. Você topa polir o meu instrumento [musical] por uma semana? Ok, aqui está uma barra de sorvete. Você arruma a minha cama…”. Desse modo, não ir a igreja acabou por se tornando o motivo para eu não ter que polir o meu instrumento, lustrar meus sapatos ou arrumar a minha cama. Não foi o melhor começo para a minha educação moral…
Eu estava quase terminado o treinamento de infantaria básica e avançada e me preparando para me formar e voltar para casa. Eu nunca vou esquecer o dia – era um domingo, eu estava limpando panelas e frigideiras enquanto todo mundo estava rezando. Um amigo veio correndo e disse: “Jones, sua namorada está no telefone e está chorando”. Eu corri para atender, sabendo que não podia deixar o meu posto nem atender ao telefone. Mas eu atendi, e ela estava chorando como eu nunca ouvi uma mulher chorar antes. Nunca. A única maneira que eu posso explicar é que a alma dela estava chorando. E ela ficava repetindo “Eu sinto muito! Sinto muito! Sinto muito! Não fui eu!” Então o pai dela pegou o telefone disse: “Jason, eu sei o seu segredo, e o seu segredo acabou. Ela fez um aborto.”
“Chamem a polícia! O pai da minha namorada matou o meu bebê!!”
Logo que ele disse essa palavra, um sargento chegou e por cima do meu ombro desligou o telefone. Então eu dei um soco nele. Um outro sargento me agarrou, mas ele viu que eu estava chorando e eu dizia repetidamente: “Ele matou meu bebê! Ele matou meu bebê!” Eles me puxaram para o escritório do meu capitão e me jogaram numa cadeira. Ao me verem desmoronando dessa forma, meu capitão – um militar enorme – parecia bastante entristecido. Consegui formar algumas frases: “Senhor, chame a polícia! O pai da minha namorada matou o meu bebê!”. Ele me pediu para explicar o que aconteceu. Enquanto eu falava ele parecia confuso, então me disse: “Soldado, por que eu chamaria a polícia? Você não sabe que o aborto é legal?”
E sabe o quê? Eu não sabia.
Apesar de ser somente um recruta fazendo $300 por mês eu sabia de uma coisa: a vida humana começa na fertilização. Essa informação não estava acima do meu nível salarial. Eu sabia que o meu bebê era um ser humano. Meu capitão deveria ser pró-vida, talvez cristão, porque ele sóbria e complacentemente me deu uma versão resumida de Roe v. Wade [caso que legalizou o aborto nos EUA]. Então ele me deu uma pilha de moedas para o telefone e me disse “Quero que você vá ao Posto X; não posso te deixar aqui perturbando todo o batalhão”. Fui até posto, ouvindo a minha namorada chorando, sentindo a nossa perda nas minhas entranhas.
Pensar no bebê era o que me fazia continuar cada dia exaustivo de treinamento.
Meu coração estava quebrado.
E minha mente estava girando.
O que realmente foi um soco no estômago, o que realmente era incompreensível, é que o que aconteceu com o meu bebê era perfeitamente legal – e isso não entrava na minha cabeça. Era insano demais.
Cheguei ao telefone público e liguei para ela. Ficamos lá até todas as moedas acabarem e a operadora dizer: “Você tem sessenta segundos. Coloque crédito.”
Mas eu não sabia o que dizer, porque ela ainda estava chorando. Então eu disse a única coisa que pensei que a poderia confortar – e eu realmente quis dizer isso – disse “eu prometo a você, que mesmo que ninguém mais se importe com o aborto, e ainda que isso leve o resto da minha vida, eu vou terminar com o aborto pela nossa filha Jessica” (sabíamos que a nossa criança era uma menina porque o aborteiro disse à minha namorada depois “A propósito, seu bebê era uma menininha”). Hoje eu sei que nenhuma pessoa sozinha pode derrotar a Cultura da Morte. Mas eu realmente quis dizer isso aos 17 anos, e que trabalhando sozinho eu iria acabar com o aborto. Eu acreditei nisso.
Quando voltei ao meu posto de trabalho – eu estava numa base em Schofield Barracks, no Havaí – pensei em como começaria isso: “Vou começar a bater nas portas” (eu sabia que Mórmons e Testemunhas de Jeová batiam na porta da casa da minha mãe, e ela conversava com eles). Ao lado do quartel haviam casas cheias de imigrantes filipinos que eram trabalhadores agrícolas. Eu batia na porta deles e os trabalhadores abriam a porta “Oi, o que você quer?” Eu era esse rapaz magrelo, de cabeça raspada e com roupas civis feias da loja do exército, e dizia: “Eu quero falar com você sobre o aborto. Podemos conversar sobre aborto? Você sabia que é permitido legalmente?”
E eles olhariam para mim como se eu estivesse louco, mas às vezes eles me davam cerveja e nós conversávamos. Às vezes eles batiam a porta na minha cara, mas na maioria das vezes eles concordavam comigo que o aborto era um crime horrível e que deveria acabar.
Esse era o meu plano! Eu bateria nas portas pelo resto da minha vida no meu tempo livre. Era a única coisa que eu podia pensar. Então um dia recebi um telefonema irritado no quartel, de uma mulher que estava muito brava. Ela reclamou: “é você o homem que anda pelas redondezas dizendo que nos representa?” Ela deu o nome da sua organização, eu respondi: “Não, senhora. Eu nunca ouvi falar de vocês. Eu nunca disse que represento vocês.”
Ela disse “Bem, sim, é você.” Respondi “Senhora, eu nunca ouvi falar de vocês. Como eu diria que represento vocês se eu nunca ouvi falar de vocês?” Ela disse: “Você é Jason Jones, certo? Você deu o seu número para fulano e fulano, certo? E você vai de porta em porta falando com as pessoas sobre o aborto?” Respondi: “Sim!” Ela disse: “Nós somos o Direito à Vida – Havaí, é isso que o nós fazemos!” Eu saí da defensiva e me emocionei: “Quer dizer que existe um grupo? Que há mais de nós?”
Você pode acabar com o aborto
Antes de sair do exército, um dos meus oficiais descobriu o que eu estava fazendo. Ele tinha ouvido rumores. Ele me chamou ao seu escritório e disse: “Soldado, tenho ouvido algo muito estranho. Ouvi que no seu tempo livre às vezes você vai de bairro em bairro incomodar civis sobre o aborto.” Respondi: “Sim, senhor. Eu faço isso.” Ele disse “Você está louco?” Disse “Não, senhor.” E contei a ele o que eu queria fazer – acabar com o aborto nos EUA.
Ele olhou para mim, pensou por um momento e disse: “Bem, sabe que como um comandante fui ensinado que se temos um grande objetivo, precisamos de um grande plano. Você começa com seu objetivo e trabalha o seu caminho para alcançá-lo, passo a passo. Você precisa de um plano. Vá escrever um plano. Isso o que você está tentando fazer é algo grande.”
Então fui e fiz esse plano enormemente ambicioso. Trouxe de volta para ele e disse: “Aqui está o plano, senhor. É assim que eu vou acabar com o aborto.” Ele disse: “Esse é um bom plano. Trabalhe o plano. Trabalhe o plano pelo resto da sua vida e talvez você alcançará o seu objetivo.”
Quando saí do exército, comecei a trabalhar o plano – e tenho trabalhado o plano desde então. Claro, Deus me joga muitos obstáculos e o plano precisa mudar para se adequar às mudanças políticas em nosso país. Mas tudo o que eu faço, em todas as esferas da minha vida e da minha carreira, é guiado pelo propósito central que encontrei aos 17 anos, por causa da minha filha Jessica que perdi: promover o valor incomparável da pessoa humana.
Entrei na Universidade do Havaí, comecei um grupo universitário pró-vida e virei presidente dos Jovens Republicanos. Foi como estudante universitário – ainda ateu, um fã da Ayn Rand – que eu descobri quanta coragem é preciso ter para defender o valor da vida humana.
Os fornecedores da cultura da morte dentro do campus – os mais vocais são o corpo docente estabelecido e os mercenários da indústria do aborto – se recusam a reconhecer que você está tentando defender a dignidade e o valor incomparável da pessoa humana. Os hippies modernos vão te taxar como alguém que quer acabar com a diversão de todos – transformando o sexo descompromissado e “inofensivo” em catástrofes que mudam a vida.
Sua missão é levá-los a entender que fazer sexo descompromissado em dormitórios estudantis sujos não justifica a degradação da dignidade da pessoa humana ou a negação dos valores morais transcendentes como a justiça, o amor e a compaixão.
Agora que eu faço filmes em Hollywood, as pessoas vêm a mim e me parabenizam pela minha coragem. Você sabe o que eu digo a eles? “Comparado com o campus universitário, ser pró-vida em Hollywood é fácil! Você sabe quem é corajoso? Os estudantes ativistas pró-vida. São eles que estão na linha de frente.”
É essencial que os jovens pró-vida sejam ousados e permaneçam ativos. Uma coisa a lembrar é que para cada pessoa que entra num grupo estudantil pró-vida ou que fala em nossa causa, há pelo menos 100, talvez mais de 1.000, que silenciosamente concordam conosco. Isso é verdade mesmo no campus universitário – mas espcialmente verdadeiro no resto da sociedade (incluindo os seus futuros chefes, colegas de trabalho e potenciais esposas ou maridos).
A ciência social confirma isso. Em 2012, a Pesquisa Gallup descobriu que apenas 41% dos americanos se identificam como “pró-escolha”, enquanto 50% disseram ser “pró-vida”. Esses são os melhores números de pesquisas que a posição pró-vida teve desde que Gallup começou a fazer essas perguntas em 1995, e a tendência continua em nossa direção. A verdade – que a vida é sagrada – está gravada no coração humano, e nenhuma mentira pode prevalecer contra ela para sempre.
Aprendi essa lição ao ler um dos livros mais poderosos que já encontrei, a autobiográfica “Memória e Identidade” do Papa João Paulo II. Foi o último livro que ele escreveu antes de morrer. Nele, o Papa escreveu sobre as três grandes ideologias do mal que ele enfrentou em sua vida: o Nazismo, o Comunismo e a Cultura da Morte.
Ele apontou que em sua própria vida, houve um ponto em que a ideologia nazista parecia imbatível. Os nazistas haviam conquistado a maior parte da Europa, estavam ameaçando a Grã-Bretanha, expandindo em direção a Moscou e pondo em funcionamento sua maquinaria para exterminar seus inimigos. Pessoas que viviam sob a ocupação nazista tinham todas as razões para pensar que esse poder duraria indefinidamente. Mas na verdade, esse regime foi destruído depois de apenas 12 anos no poder. Muito para o Reich de mil anos.
Em seguida, o Papa destacou como os comunistas, que fizeram grande parte da luta contra os nazistas e tomaram o seu lugar como conquistadores e tiranos, pareciam absolutamente inconquistáveis. O Comunismo tomou a Europa Oriental, depois conquistou a China e exportou seus agentes e exércitos para todos os cantos do globo, armando-se com armas nucleares que poderiam acabar com a raça humana.
Em 1989, o colosso comunista desmoronou a partir de dentro. Ele havia sido construído sobre uma base de mentiras a respeito da pessoa humana, por isso os seres humanos finalmente a rejeitaram. Nascemos para conhecer a verdade, e algo em nossa alma se repulsa com a mentira. Esse despertar dá trabalho e leva tempo. Mas é inevitável.
Agora, uma geração inteira cresceu livre em países como a Polônia do Papa João Paulo II – em tempo de enfrentar o que o Papa chamou de o terceiro grande mal de nosso século: a Cultura da Morte.
Isso parece muito arraigado para ser desalojado. As elites de nossa cultura abraçam isso como um evangelho que não pode ser questionado. Nosso governo financia e promove, não apenas aqui, mas em todo o mundo – como os soviéticos uma vez empurraram o Comunismo. Enquanto escrevo isso, o governo federal, por meio do mandato do governo de Obama, ameaça fechar qualquer instituição (religiosa ou não) que não cumpra com a Cultura da Morte financiando medicamentos abortivos em seus planos de saúde.
A missão que temos pode parecer desafiadora. Mas, como lembrou o Papa João Paulo, os tempos pareciam ainda mais sombrios em 1940 e depois em 1948. E esses dois impérios de mentiras caíram. O mesmo acontecerá com este – se fizermos o trabalho de nossa vida para compartilhar a dignidade, a beleza e o valor incomparável da pessoa humana.
Hoje eu sei que nunca serei capaz de cumprir aquela promessa de sozinho acabar com o aborto, que fiz quando era um adolescente ingênuo de 17 anos que saiu da escola. Mas sei que todos nós trabalhando juntos veremos durante a nossa vida uma transformação da nossa cultura em uma Cultura de Vida.
É por isso que eu amo o trabalho que os Students for Life of America [Estudantes pela Vida] fazem. Eles fazem o que é absolutamente necessário para essa transformação. Eles inspiram e treinam esta geração de abolicionistas do aborto – a geração que sobreviveu ao aborto¹ e que agora são alvo da indústria do aborto para destruir a próxima geração. Students for Life of America sabe que os campi universitários são o Marco Zero para esta transformação, e eles são a única organização fazendo este trabalho crítico. É uma honra estar ao lado deles.
Eu sei que se todos nós dedicarmos nossas vidas e recursos para isso, a maior causa de direitos humanos de nossa era, veremos proteção legal plena para a pessoa humana, desde a criança no útero até a criança nos braços de sua mãe, do embrião até o idoso, em nossa geração.
—
Nota de rodapé da tradutora:
¹ 1 em cada 3 americanos da atual geração morreu abortado.
—
Fonte: LifeSiteNews