O livro Memórias da Irmã Lúcia II foi escrito pela própria Irmã Lúcia, vidente de Nossa Senhora, por ordem do então Reitor do Santuário de Fátima, Monsenhor Luciano Guerra. Eram apenas recordações mas hoje estão publicadas como livro.
Neste segundo volume de suas memórias, Lúcia nos conta como foi sua infância e a vida de sua família – que nos dá exemplos do que pessoas de fé são capazes, da vida virtuosa e simples, de santidade sem holofotes mas que impactam com a graça a sociedade onde estão.
Entre as histórias, algumas interessam ao apostolado pró-vida porque ilustram formas concretas de servir a Deus servindo ao próximo nos mais pequeninos.
Os parágrafos abaixo se referem ao que fez Teresa, uma das irmãs de Lúcia, e foram retirados das páginas 55 e 56:
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A minha irmã Teresa contou como na prática da caridade tinha conseguido salvar a vida a uma criança. Deveu ser no Alveijar [lugar em Fátima] para onde foi viver quando casou pela segunda vez. Chamaram-na um dia para assistir a um parto difícil. Ela, não sabendo que fazer, mandou chamar o médico. Este, quando a criança nasceu, disse para a minha irmã: “Isto para enterrar, que está sem vida e não vai vingar!”
Mas a minha irmã não se conformou com esta resposta. O médico retirou-se, e ela começou a tratar da criança: encostou a boquinha da criança à sua e começou a bafejá-la e aquecê-la. Pouco a pouco, foi notando que a criança tinha vida e, pouco a pouco, foi começando a mover alguns membros; envolveu-a em panos quentes e foi pô-la na cama, junto da mãe, para conservá-la quente. Experimentaram a meter-lhe na boquinha algumas gotas de leite que a criança absorveu e engoliu. Pouco depois, conseguiram que pegasse no peito da mãe e assim se criou com boa saúde, sem mais problemas.
Quando esta criança era já mais crescida, a minha irmã levou-a para sua casa, num dia em que sabia que vinha o médico e mostrou-lha, pedindo para que a examinasse a ver se tinha boa saúde. O médico examinou-a e disse que não lhe encontrava nada de especial, que era uma criança com boa saúde, normal e desenvolvida como qualquer outra da sua idade. Então a minha irmã perguntou-lhe se a conhecia. Respondeu, dizendo que não. Então a minha irmã disse-lhe que era aquela criança que, ao nascer, ele mandou enterrar, com o que ele ficou muito surpreendido.
É o fruto da caridade, ensinada na escola, onde a minha irmã aprendeu: amar o próximo como a nós mesmos, a respeitar e conservar o dom da vida com que Deus nos favoreceu, em nós mesmo e no próximo, e que só Ele tem o direito de transladar do tempo para a eternidade. Por isso é um dos seus grandes Mandamentos: “Não matarás”.