Atleta olímpica diz se arrepender de ter abortado por causa da carreira

A medalhista de ouro olímpico nos 400 metros rasos, Sanya Richards-Ross, contou em sua biografia recém-lançada “Chasing Grace” (“Perseguindo a Graça”, tradução livre) que caiu em “profundo desespero” depois de abortar antes dos Jogos Olímpicos de Pequim.

Sanya declarou que, na época, “parecia não haver nenhuma outra escolha além do aborto”.

“Tudo o que sempre quis parecia estar ao meu alcance. A culminação de tudo o que trabalhei a minha vida toda estava diante de mim… O debate de quando começa a vida humana girava na minha cabeça, e a ideia de ter uma criança fora do casamento e no auge da minha carreira parecia insuportável. O que os meus patrocinadores, minha família, minha igreja, e os meus fãs vão pensar de mim?”

Ela e jogador de futebol americano Aaron Ross, então seu noivo, discutiram o aborto por telefone. Como Ross tinha que treinar, ela foi sozinha ao procedimento. Ela conta que o aborto foi “rápido”, mas “acabou comigo”, e no dia seguinte, ela voou para Pequim.

“Eu tomei uma decisão que me destruiu e não curei imediatamente” e que “[o aborto] agora era parte da minha vida para sempre. Um estigma que eu nunca pensei que levaria. Eu era uma campeã – não apenas uma campeã comum, mas uma campeã de elite, de quebrar recordes. Do topo dessa realidade eu caí no profundo desespero.”

Nos Jogos em Pequim, Sanya era a favorita para a medalha de ouro nos 400 metros rasos, mas ganhou o bronze. Na Olimpíada anterior, em Atenas, ela havia ganhado o ouro na categoria. Sanya disse ao Newsworthy with Norsworthy que sabe que não correu o seu melhor em Pequim, que se sentia mal espiritual e emocionalmente, e que seus pensamentos estavam em outro lugar.

Aborto e o relacionamento com o pai do bebê

Ela conta que, por causa do aborto, “sempre guardei rancor contra o Ross”.

“Foi a nossa gravidez indesejada, mas eu me senti abandonada na decisão. Ao não dizer nada, nem concordar nem se opor, ele manteve a consciência dele limpa, e isso não foi justo.”

Sanya conta que levou tempo para que ela e o marido conversassem abertamente sobre o aborto, e quando isso finalmente aconteceu, Ross “explicou que estava tão sobrecarregado com a decisão quanto eu. Ele acreditava que nosso filho concebido em 2008 era uma bênção e que nós o tínhamos rejeitado por querer estar sempre no controle.”

Arrependimento, Perdão e Cura

Em seu livro, a atleta contou que mesmo sabendo que Deus a tinha perdoado, foi difícil perdoar a si mesma.

Ela disse que orou por dois anos sobre tornar público seu aborto; pois, além de pessoal, foi uma experiência extremamente dolorosa. Sanya disse que não está completamente curada, que ainda chora quando pensa sobre isso, mas que espera que sua história ajude outras mulheres em situação similar.

Ao Sports Illustrated, a atleta declarou que espera que sua história “abra algumas discussões para que outras mulheres jovens na minha situação não tenham que experimentar o que eu fiz”.

Desafios podem ser vencidos mesmo na gravidez

A história de Sanya reflete uma mentalidade cada vez mais comum: a de que não se pode vencer desafios estando grávida; de que para continuar os projetos, é preciso abortar o filho.

Nada poderia estar mais longe da verdade: muitas mães dão o exemplo de que é possível conquistar objetivos mesmo grávida.

No ano passado, a tenista Serena Williams estava grávida de dois meses quando venceu o Austalian Open.

E ela não é a única, vários outras atletas se descobriram grávidas no meio de competições e mesmo assim, com o bebê, conquistaram vitórias.

É o caso da jogadora de hockey Lisa Brown-Miller, que ganhou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Nagano, Japão, em 1998, quando estava no segundo mês de gestação; da jogadora de vôlei de praia Kerri Walsh Jennings, que ganhou o ouro em Londres 2012 quando esperava por seu terceiro bebê; de Anky van Grunsven, que ganhou o ouro em adestramento em Atenas 2004 quando estava grávida de cinco meses; entre tantas outras.

É difícil não imaginar o que teria acontecido se Sanya tivesse deixado seu filho nascer. É comum (e normal!) ser surpreendida por uma gravidez em meio a algum projeto – e não é preciso escolher entre ter o filho ou conquistar a meta: é preciso seguir adiante com as duas coisas.

As histórias das mulheres que deixaram o bebê viver enquanto batalhavam por algum objetivo mostram que a vida sempre encontra o seu caminho. Basta permitir.

Com informações: Newsworthy with Norsworthy, CNN, LifeSiteNews

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