Pessoas que abortaram há 35 anos nos ligam e desabam a chorar

“Um aborto destrói muitas vidas. Queremos ajudar a recuperar uma: a sua”. Assim os coordenadores, Gerard Manresa e Teresa Lamarca, apresentam o Projeto Raquel em Barcelona – uma iniciativa que oferece ajuda às pessoas que sofrem as consequências do aborto.

Em uma entrevista concedida ao Catalunya Cristiana e traduzida aqui pelo Contra o Aborto, Gerard e Teresa explicam como que funciona esse ministério.

Resumidamente, o que é o Projeto Raquel?

Antes de tudo, quer ser uma resposta à tragédia do aborto. O Projeto Raquel é uma proposta da Igreja de caráter diocesano composta por uma rede de acolhedores, psicólogos, psiquiatras e sacerdotes especialmente treinados para atender e acompanhar pessoas que vivem as consequências do aborto. Se oferece um caminho de esperança, de reconciliação e cura; em cujo centro sempre está o perdão.

Por que se decidiu começar esse projeto em Barcelona?

Notamos que há uma lacuna nesta área. Em uma sociedade onde o aborto é visto como um direito e como libertação, não se prevê a possibilidade de que existam contraindicações e de que se produza consequências ruins para a pessoa.

Não se estuda nem mesmo a Síndrome Pós Aborto (que é muito forte) e quanto a pessoa se encontra nela, frequentemente não é compreendida. O aborto provoca uma ferida que afeta todas as dimensões da pessoa.

Encontramos pessoas que abortaram 35 anos atrás e que nos telefonam e começam a chorar. As feridas do aborto são profundas e, se um processo não for feito, não se cura nem mesmo com a confissão.

São pessoas que se sentem culpadas, sobretudo as mulheres, e que não perdoam a si mesmas. Essas pessoas precisam saber que são perdoadas por Deus e pelo seu bebê, e por sua vez devem perdoar as pessoas que culpam pelo seu aborto.

Toda mulher e todo homem que decide abortar sofre a Síndrome Pós-Aborto?

Inicialmente sempre existe um período de negação, que pode ser mais ou menos largo, e pode até durar anos. Mas chega um momento na vida, muitas vezes motivado por um desencadeante, que desperta essa inquietação. Mais cedo ou mais tarde isso acaba aparecendo e pode ser muito angustiante. É um peso que provoca amargura e tristeza, mas também ansiedade, baixa autoestima, sentimentos de culpa e de fracasso, ressentimento, isolamento, impotência…

Muitas vezes essas pessoas sonham com o filho. Elas estão convencidas de que o seu filho está vivo. Ainda que lhes digam que são apenas algumas células, elas sabem que há algo mais.

O que o Projeto Raquel propõe para curar essas feridas?

A chave é a misericórdia de Deus, porém antes é preciso preparar o terreno. O Projeto Raquel propõe um itinerário que se inicia com o conhecimento e a compreensão daquilo que se passou.

É preciso abrir a ferida, ainda que seja doloroso, para então poder curá-la. A ferida do aborto é sobretudo uma ferida interior, espiritual, que se manifesta psicológica e também fisicamente.

É importante que a pessoa expresse e reconheça a própria história. É preciso superar os mecanismos de defesa e se abrir a verdade.

A partir daí, os conselheiros, com apoio de especialistas, guiam o caminho em direção à reconciliação. Uma vez recebido o perdão de Deus, resta ainda outro passo importante: é preciso passar pelo luto e reconciliar-se com o bebê. Ajuda muito à essas pessoas saber que seu filho vive e que os perdoa. A experiência nos mostra que existe um antes e um depois nas pessoas que completam esse caminho.

Com informações de Proyecto Raquel.

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