O resultado de uma boa ação nem sempre se vê de imediato.
Quando Joe Campbell, no meio da noite e em Londres, foi até uma cabine telefônica para ligar para seus pais na Guiana, encontrou uma bebê recém-nascida.
Kiran Sheikh tinha acabado de nascer quando sua mãe, assustada e num relacionamento abusivo, a deixou em uma cabine telefônica. Antes de ir, a mãe ligou para a organização Samaritans para que viessem resgatar a criança.
A ajuda acionada, entretanto, não foi imediata; porém Campbell – que costumava telefonar para os pais no meio da noite por causa da diferença de fuso com a Guiana, onde seus pais moravam – entrou nessa cabine e encontrou a bebê.
Ele iria apenas fazer uma chamada telefônica e viu que dentro da bolsa (que de longe parecia ser um pacote de batata frita) havia uma recém-nascida. Então entrou em contato com a polícia e a menina foi levada para Newham General Hospital, onde recebeu o nome de “April”, mês de seu nascimento, e o sobrenome de “Campbell”, o mesmo do homem que a salvou.
April Campbell foi adotada por uma família e seu nome mudou para Kiran Sheikh; somente quando ela completou oito anos que lhe contaram a sua origem. Kiran, que já suspeitava ser adotada, desde então quis encontrar o homem que a resgatou.
Para isso, aos 22 anos, ela decidiu fazer um apelo no jornal. Um amigo de trabalho de Campbell viu a notícia e lhe mostrou. Ao reconhecer a própria história, Campbell respondeu e o reencontro foi marcado.
Durante o reencontro, Kiran disse “É inacreditável. Tenho esperado 15 anos para encontrá-lo e finalmente ele está aqui. Ele foi a segunda pessoa que me segurou depois da minha mãe!”
Campbell tinha guardado fotos e recortes de jornal de quando encontrou Kiran, na esperança de que um dia eles se veriam novamente. Ele disse que tentou manter contato com ela, entregando cartões, dinheiro e presentes ao serviço social. Ele fez isso por sete anos até que assistentes sociais disseram para que ele parasse. Kiran disse que nunca recebeu nenhum presente ou qualquer informação: “Não sei porque eles não me disseram nada. Tudo que recebi foram fotocópias das capas dos cartões que ele me mandava, nem sequer o que ele havia escrito”.
Sobre o encontro, Campbell disse que estava contente e que o encontro “foi um dos dias mais feliz da minha vida porque nunca parei de procurar por ela. Sempre tive a esperança de que algum dia, de alguma forma, eu a encontraria antes de finalmente partir desse mundo.”
Tão próximos mas sem saber
Uma grande surpresa que Kiran e Campbell descobriram ao conversar é que durante anos eles viveram próximos. Kiran cresceu nas ruas vizinhas de onde Campbell morou até 1997, certamente os dois se cruzaram várias vezes pelo bairro.
Campbell se mudou e hoje vive na região sul de Londres; ele não conheceu a própria mãe, que morreu quando ele tinha 3 anos. Ele disse que “Eu quero que ela tenha pais. Minha madrasta me cuidou como se eu fosse dela, e queria que Kiran também tivesse isso.”
A mãe biológica
Kiran nunca se encontrou com a mãe biológica, mas ela sabe que foi deixada naquela cabine telefônica porque seu pai era violento e porque sua mãe já tinha seis filhos na época. Além dela, uma outra irmã sua foi colocada para adoção e hoje vive na Flórida; as duas mantém contato. O pai biológico está na prisão por tentativa de homicídio após apunhalar uma ex-namorada.
Kiran quer reencontrar a mãe porém, sem pistas, pretende contratar um serviço especializado.
Ela declarou não guardar ressentimento por ter sido deixada. “Não tenho raiva, eu a perdoo. Ela me escreveu uma carta pedindo perdão e eu a perdoo”, disse a jovem.
Com informações de Daily Mail e Good Morning Britain.