Uma espiada no Inferno

Sir Richard Gardner. Este é o nome de um prestigiado acadêmico da famosa Oxford University. O título de “Sir” aposto ao seu nome indica a relevância de suas contribuições para a Grã-Bretanha.

Pode ser que Sir Richard Gardner tenha feito importantes descobertas na área científica, mas ele é um exemplo perfeito do ponto em que pode chegar um cientista que não dê muita importância para limites éticos, exatamente como se comporta boa parte da comunidade científica.

Mas o que foi que fez Sir Richard para tornar-se tão mal exemplo? O acadêmico, especialista em células-tronco, declarou que os tecidos fetais deverão oferecer uma solução mais realista à falta de órgãos para transplantes do que outras tecnologias atualmente em pesquisa.

Sir Richard disse-se surpreso que tal possibilidade não tenha ainda sido considerada, já que as experiências com cobaias mostraram que rins retirados de fetos crescem extremamente rápidos quando transplantados para animais adultos. O pesquisador inglês apenas disse que ainda será necessária muita pesquisa para que tais transplantes tornem-se realidade.

E sobre as células-tronco? Bem, sobre estas Sir Richard Gardner disse que embora elas tenham sido amplamente divulgadas como um kit de emergência para o corpo humano, a realidade é bem outra, e que a produção de órgãos totalmente funcionais a partir destas é remota.

Aqui, apenas um adendo… Deixando de lado a assustadora falta de ética do famoso inglês, nota-se que aqui no Brasil há um bocado de cientistas municiando a mídia com informações para lá de falsas a respeito de células-tronco. Mas quando se pensa na dinheirama de pesquisas, começamos a compreender o motivo de certos rostos aparecer tanto na mídia.

Mas claro que Sir Richard tinha que explicar de onde viriam estes órgãos fetais. Eis o que ele declarou literalmente:

“[O uso de fetos abortados] é algo que poderia ser feito, mas não é algo que seja muito comentado. Ao menos é uma solução temporária.”

Eis o que temos… Além de serem des-humanizados de tal forma para que a crueldade do aborto torne-se “opção” aceitável para alguns, os bebês agora terão seus órgãos retirados em nome da ciência. E tudo isto, claro, sob o pretexto de salvar vidas. Seres humanos nas mãos de cientistas que desconhecem os mínimos limites éticos tornaram-se meros subprodutos.

Embora haja protestos de alguns, estas idéias de Sir Richard Gardner não causam qualquer constrangimento em vários outros cientistas. O professor Dr. Stuart Campbell, um renomado especialista na área de diagnóstico por ultrassom, não vê qualquer impedimento de ordem ética na proposta de Sir Richard.

O professor Stuart diz que muitos bebês são abortados em gestação avançada e

“(…) se eles terão suas vidas terminadas, é uma vergonha que seus órgãos sejam desperdiçados.”

O professor Stuart ainda não é “Sir” mas parece que está caminhando para isto a passos largos, pelo menos a julgar por suas declarações. É curiosíssimo que o professor sinta vergonha por órgãos desperdiçados mas não sinta nem uma coceirinha na consciência por vidas desperdiçadas.

Um dos efeitos do aborto, além do assassinato cruel de um ser humano frágil e indefeso e das conseqüências devastadoras que tem para a mulher em todos os sentidos — físico, psicológico, sentimental, etc. — é exatamente este entorpecimento que cria na consciência da sociedade em geral.

Ver um médico, uma pessoal que jurou preservar a vida de seus pacientes, preocupar-se com órgãos que serão retirados, mas que nem sequer liga para o ser humano que foi morto é coisa digna dos maiores pesadelos.

E não satisfeito com a pérola ética que criou para apoiar Sir Richard Gardner, o professor Stuart Campbell ainda completou:

“Estou certo que bem poucas pessoas da lista de espera de transplante preferirão morrer a aceitar um órgão de um feto abortado.”

Eis o utilitarismo em sua mais pura essência. Se o fim é aparentemente bom, o professor Stuart Campbell não está nem aí para os meios com que ele foi alcançado.

O torpor no qual vai a mente do professor Stuart é tamanho que até causa confusão em nossa própria cabeça imaginar que ele é um dos que advogam que o aborto na Grã-Bretanha só deve ser permitido até a 20a. semana de gestação, o que até parece uma coisa boa.

Eis o que o professor declarou em uma reportagem de 2008:

“Embora faça ultrassonografias todos os dias, eu ainda me sinto admirado pela maravilha que é um feto que está aprendendo a ser um bebê. Por volta de 20 semanas, ele sorri, faz expressões de choro e chupa o dedo. Na 23a. semana, ele começa a abrir seus olhos e desenvolve complexos padrões de comportamento. Ele já pode sobreviver fora do útero.”

Falando sobre os bebês de 20 semanas de gestação, o professor continuou:

“Tenho sido acusado de ser sentimental sobre o assunto, mas o fato é que, nestas imagens, os fetos já se parecem com bebês. Para mim é quase bárbaro abortar fetos entre 20 e 24 semanas de gestação. Na verdade, o procedimento é tão trabalhoso e estressante que poucos médicos estarão dispostos a fazê-lo.”

O peculiar “sentimentalismo” do Dr. Stuart Campbell leva-o a rejeitar abortos a partir de 20 semanas. Não é ele uma ótima pessoa? Bárbaros são os outros, claro.

O fato é que a mente do professor vai tão entorpecida pela Cultura da Morte em que ele vive e na qual ganha seu pão, um pão miserável à custa de vidas inocentes, que ele se acha capaz de só dar o título de humano ao feto que chupa o dedo ou que sorri quando ele faz um ultrassom.

Isto é Ciência? Isto é Medicina?

Na verdade, na verdade mesmo, parece que em certos casos já podemos ver como será a ética médica daqui para frente: é só dar uma espiada no Inferno.

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Fonte: Use aborted foetus organs in transplants, urges scientist

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