Brazil4Life, a organização evangélica pró-vida que ajuda gestantes em crise

Ina Sobolewski, Vera Ribeiro e Rebeca - equipe do Brazil4Life presente na March for Life (Marcha pela Vida) nos EUA.
Ina Sobolewski, Vera Ribeiro e Rebeca – equipe do Brazil4Life presente na March for Life (Marcha pela Vida) nos EUA.

Como ajudar uma gestante em crise sem desumanizar o bebê que ela leva no ventre? Como responder as necessidades de atenção, cuidados e direitos que a mulher grávida e o nascituro possuem?

Em tempos de muita discussão sobre a vida do nascituro e as dificuldades que uma mulher grávida e em crise enfrenta, muitas pessoas tem se questionado sobre uma solução justa e como podem ajudar.

Por isso, o Contra o Aborto contatou Ina Sobolewski, fundadora do Brazil4Life – uma instituição que, com o apoio das comunidades evangélicas, tem atuado junto a jovens e gestantes em crise. A nossa conversa você confere abaixo:

O que é o Brazil4Life?

O Brazil4life é uma instituição cristã com sede em Chicago e Belo Horizonte, sem fins lucrativos, cujo intuito é equipar igrejas e grupos pró-vida a ajudar mulheres enfrentando gravidez indesejada. O Brazil4life foi criado com base no trabalho que já vem sendo feito aqui nos Estados Unidos desde 1973. Damos cursos nas igrejas para grupos de voluntários que sentem o chamado nessa área e para grupos pró-vida sobre como ajudar a mulher enfrentando uma gravidez indesejada e também para os jovens sobre como evitar uma gravidez indesejada.

Esse curso para os jovens é dado por jovens treinados por nós para falar sobre o valor que eles possuem de uma forma divertida, porém abrangente e profunda. A nossa meta é que todos tenham vida e vida abundante.  A vida é um dom, uma dádiva, não um direito, portanto, não podemos tirar o direito de viver de ninguém, porém, muitas mulheres se encontram em situações delicadas e, quando estamos no fundo do poço, não vemos solução. Nossos Núcleos em todo o Brasil (15) ajudam as mulheres encontrar uma saída na qual tanto ela quanto o bebê, permanecem vivos. Nossa ajuda consiste de aconselhamento à luz da palavra de Deus, ajuda com enxoval e acompanhamento. Tudo é feito por voluntários que possuem o mesmo chamado. Nós não julgamos ou criticamos pois acreditamos que o amor pode apagar uma multidão de pecados. Ajudamos a mulher entender que ela não está só. Nós a amamos quando ela menos merece, pois é quando ela mais precisa.

Quando falamos com mulheres que já fizeram o aborto, elas sempre dizem que, se alguém a houvesse ouvido e dado uma alternativa para o aborto, elas nunca teriam feito o aborto.

Cada núcleo é administrado individualmente pelas igrejas. Nem todo núcleo se encontra nas premissas da igreja. Alguns núcleos se encontram no centro das cidades, em áreas mais movimentadas para facilitar o acesso das grávidas.

Apesar de fazer parte da Organização Missionária Iteams dos Estados Unidos, nós dependemos da ajuda de pessoas que Deus usa para nos ajudar. Todas nossas despesas de aluguel do escritório, testes de gravidez, transporte das grávidas, cestas básicas para as grávidas, despesas para administrar os cursos, envio de doação para zonas mais remotas, tudo, é doado por pessoas que desejam fazer uma diferença na vida de uma geração, pois, cada vez que um ser humano é abortado, toda uma geração é abortada com ele. Você que está lendo, imagine se seu avô houvesse sido abortado. Você estaria aqui hoje? Não, você e todas gerações que virão de você, teria sido abortado com ele. É para evitar isso que fomos chamados.

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Ina com a sobrinha de Martin Luther King Jr, a ativista pró-vida Alveda King.

Como o Brazil4Life surgiu?

Quando eu tinha 12 anos minha mãe me contou que ela havia feito um aborto. Eu era muito jovem, porém notei que era algo vergonhoso e que ela não falava sobre isso com ninguém, mas, queria desabafar.

Ela explicou que quando ela se casou com meu pai eles eram muito pobres e ela, sendo órfã de pai e mãe não sabia nada sobre contracepção. Portanto, 9 meses após o casamento eu nasci, 11 meses depois nasceu meu irmão, e seis meses depois ela se encontrou grávida novamente. O problema é que a estas alturas meu pai havia perdido o emprego e era uma época de grande desemprego.

Ela permaneceu esperançosa de que meu pai arrumaria um emprego até o terceiro mês, depois disso, ela ficou desesperada e comentou com uma vizinha que a aconselhou fazer aborto e indicou o local.

Minha mãe foi ao local, pagou, a mulher fez o aborto, deu remédio e ela voltou para casa com sangramento e se sentindo vazia como se houvesse deixado um pedaço dela dentro daquele local.

Quando ela chegou em casa ela deitou em um sofá verde que tínhamos. Sangrava muito e ela estava fraca. De repente ela teve uma visão. Uma mulher enorme, vestida de enfermeira caminhava em direção a ela carregando algo entre as mãos. Quando a mulher chegou perto de minha mãe, ela se abaixou, olhou nos olhos dela, abriu as mãos e mostrou um passarinho com a cabecinha caída nas mãos dela e disse: “você quase matou meu passarinho”. Levantou-se e sumiu. Minha mãe levantou do sofá, ajoelhou e pediu perdão a Deus, suplicou para que a criança não estivesse morta e ao mesmo tempo agradeceu pela vida do bebê, pois a mulher disse que ela “quase” matou. Algumas semanas depois, ela estava pendurando roupas no varal e sentiu o movimento do bebê. Foi ao médico e para surpresa dela, o bebê estava vivo. Ela teve muitas complicações durante e até o final da gravidez, porém, todo o sofrimento a aproximou mais de Deus e a levou a ter intimidade com Deus e ajudar pessoas necessitadas pelo resto de sua linda vida de 61 anos. O bebê nasceu perfeito e você pode ler essa estória em detalhes no livro que escrevi intitulado “A Jornada de Ana”. Hoje, meu irmão sobrevivente de aborto é casado e tem um filho.

Ela me contou essa estória com lágrimas nos olhos e me disse que, apesar de o bebê ter sobrevivido, ela ainda se sentia culpada pelo que fez. Eu tinha apenas 12 anos de idade, mas senti muita compaixão por ela. Depois disso, notei que em todo lugar que eu ia (faculdade, manicure, cabelereira, festas, igreja…), sempre havia alguém falando em fazer aborto ou que havia feito aborto. Deus me mostrou que ajudar mulheres enfrentando gravidez indesejada era meu chamado.

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Rebecca Kiessling, Abby Johnson e Ina Sobolewski no ProLife Women Conference, que aconteceu este ano em Dallas.

Muitos anos depois vim estudar nos Estados Unidos, conheci meu marido Michael Sobolewski e casamos. Assim que mudei para Chicago descobri que havia 3000 Núcleos de ajuda à mulher enfrentando gravidez indesejada em todo o país e comecei procurar formas de fazer o mesmo no Brasil. Naquela época ainda não havia nenhum núcleo de ajuda à mulher enfrentando uma gravidez indesejada. Nós abrimos o primeiro núcleo em maio de 2000, hoje são 15, estamos longe de ter 3000, mas mesmo com o pouco que temos, já conseguimos auxiliar mais de 10.000 mulheres em todo o país.

Como vocês atuam?

O Brazil4life equipa voluntários com ferramentas simples que irão atrair mulheres em situação de gravidez indesejada. Cada núcleo faz as propagandas de acordo com suas condições financeiras. Colocamos anúncios em ônibus, escolas, igrejas, programas de rádio, grupos de jovens, salão de baile e até nos banheiros de lugares que mulheres frequentam. Muitas vezes conseguimos patrocínios gratuitos, porém, quando não temos patrocínio, tentamos arrecadar fundos através de bazares e jantares beneficentes. Se tivéssemos fundos, alcançaríamos muito mais mulheres.

Quando a mulher chega ao nosso escritório, mesmo que a mulher já tenha feito o teste ou apenas suspeita estar grávida, nós pedimos que façam um teste de gravidez gratuito. Já houveram vários casos em que a mulher não estava grávida.

Antes de dar o resultado do teste, nós pedimos que ela conte sua história, fale sobre o pai da criança, seus planos para o futuro, etc. A maioria das mulheres que nos visitam só querem ser ouvidas. Depois que falam, nós falamos sobre a gravidez à luz da bíblia e procuramos ajudá-la entender que todo ser humano vem a este mundo com um plano e, que apesar de não parecer, Deus tem um plano para a vida dela e da do bebê. Depois damos o resultado do teste e oferecemos ajuda com enxoval, alimentos e apoio moral e espiritual.

Na maioria das vezes a mulher decide ficar com o bebê. Somente nessa semana nasceram 4 bebês de mães que estavam determinadas a abortar, mas pela misericórdia de Deus  foram aconselhadas e escolheram vida para seus bebês. Elas nunca irão se arrepender dessa escolha. É um trabalho muito recompensador. O dom da vida não tem preço e, só Deus conhece os planos que tem para cada um desses bebês.

Além do trabalho de aconselhamento e acompanhamento, damos atendimento à mulheres que sofrem com a culpa de ter feito aborto no passado. Essas mulheres, como minha mãe, carregam a dor da escolha errada que fizeram, e precisam de cura. Muitos de nossos núcleos possuem psicólogas profissionais que doam seu tempo para ajudar essas mulheres. A cura é fundamental. Entendemos que não há absolutamente nada que possamos fazer para mudar o passado, porém, há uma infinidade de coisas que podemos fazer para ter um futuro melhor e, perdoar-se a si mesmo é um grande passo.

Curso de formação do Brazil4Life na Igreja Batista da Lagoinha.
Curso de formação do Brazil4Life na Igreja Batista da Lagoinha.

O curso de abstinência ou prevenção para os jovens tem sido uma grande ferramenta que ajuda a diminuir e cortar a gravidez indesejada pela raiz. Esse trabalho é feito através de dinâmicas muito divertidas e empolgantes que ajudam os jovens entender as consequências das más escolhas enquanto brincam. Milhares de jovens já receberam essa mensagem em todo o Brasil e, somente a eternidade irá revelar quantos não sofreram uma gravidez indesejada porque ouviram a mensagem de prevenção.

Pela experiência da organização, o que leva a mulher a pensar num aborto?

Cerca de 70% das mulheres que nos procuram são adolescentes e jovens solteiras que engravidam do namorado. Muitas vezes o namorado ou ficante é um homem casado que não tem a menor intensão de permanecer com ela. Quando engravidamos, a carência afetiva é ainda maior. Porém, quando se trata de uma gravidez indesejada, tanto o pai da criança, quanto a família e amigos, todos tratam a mulher como uma tola que cometeu um erro irreparável e a desprezam. De forma que ela praticamente perde a família, amigos, namorado e em alguns casos, até a própria igreja a expulsa. Na hora que ela mais precisa de apoio todos a deixam. É por isso que precisamos de um Núcleo de ajuda. Ali ela é amada, ouvida e respeitada. Infelizmente, se ela decidir abortar o bebê e não contar nada para ninguém, ela vai continuar com o namorado, receber o amor da família e amigos e será aceita na igreja.

Outra classe de mulher que atendemos são as casadas que já tem filhos e se encontra em uma situação de gravidez indesejada, seja por desemprego (como minha mãe) ou porque a criança é fruto de uma relação extraconjugal, ou porque os demais filhos já são grandes e ela não quer mais bebê, carreira profissional, etc… Esses casos são mais difíceis pois elas relutam muito. São situações delicadas que, com a ajuda de Deus, a vida sempre ganha.

Apesar da campanha a favor do aborto ser muito forte no Brasil e no mundo, cadeias de clínicas de aborto como Planned Parenthood, que já se encontra no Brasil com sede em Recife, promovem o aborto como única saída e como símbolo de liberdade para a mulher, mas não dão nenhum tipo de apoio pós-aborto. Aborto é a segunda causa para suicídio nos Estados Unidos. No Brasil existem mulheres perturbadas mentalmente e com problemas de saúde gravíssimos devido aos abortos que fizeram no passado.

Venho fazendo esse trabalho há 23 anos, já conheci muitas mulheres que se arrependem do aborto, porém, nunca conheci uma que se arrependeu de desistir do aborto. Todas amam os filhos hoje e aprenderam a suplantar toda a rejeição que sofreram como resultado das más escolhas que fizeram.

Qual foi o caso mais marcante que vocês já atenderam?

Essa pergunta é difícil responder pois todos os dias nos deparamos com casos marcantes. Porém, no início de minha carreira como voluntária eu dava aconselhamento pelo telefone. Lembro que eu tinha um bebê de 3 meses e o telefone tocou as 3 da manhã. Era uma menina de 16 anos chorando. Ela me disse que ela era uma filha exemplar, estava adiantada na escola, já havia sido aceita em uma boa universidade e era o orgulho dos pais. Ela foi para uma festa na casa de uma amiga e pediu para os pais a deixarem dormir lá. Os pais consentiram. A certa altura, eles começaram a tomar bebida alcoólica. Para encurtar a conversa, ela acordou na manhã seguinte com um rapaz que ela sequer conhecia ao lado dela na cama. Ela não desconfiou de nada, mas dois meses depois, descobriu que estava grávida e queria fazer um aborto. Fiquei com ela no telefone durante 3 horas. O dia amanheceu e ela no telefone chorando desesperada sem saber o que fazer. Quando eu não sabia mais o que fazer, meu bebê começou chorar. Ela parou de chorar e perguntou sobre meu bebê. Eu disse que era uma menina linda e bem pequena pois nasceu prematura. E, quando vi que ela estava prestando atenção no que eu falava, eu disse que ela deveria ir naquele momento no quarto dos pais e contar o que aconteceu, porque eu gostaria de ir ao aniversário do bebê dela um dia. Eu disse que estaria orando e acompanhando ela pelo telefone. Ela disse que iria agarrar o telefone como seu eu estivesse presente, pois é muito difícil para uma menina de 16 anos enfrentar os pais sozinha. Ouvi ela bater na porta do quarto dos pais. Fique ouvindo tudo. Ela, chorando, os acordou e contou tudo. Foi uma gritaria horrível, mas depois de 1 hora ela voltou ao telefone e me disse que os pais estavam extremamente tristes com ela, porém disseram que aborto não era uma opção. Meu bebê está com 18 anos agora, então o dela deve estar com 17 hoje.

Ina, junto com a Dr. Lenise Garcia, na March for Life (Marcha pela Vida) nos EUA.
Ina, junto com a Dr. Lenise Garcia, na March for Life (Marcha pela Vida) nos EUA.

Para as pessoas que tiverem interesse em conhecer mais e atuar com o Brazil4Life, o que elas devem fazer?

Se você deseja abrir um Núcleo em sua cidade, por favor entre em contato conosco. O nome de nossa diretora em Belo Horizonte é Vera Ribeiro.

Todo mundo, por mais pobre que seja pode dar alguma coisa. Seja Tempo, Talento ou Tesouro e, o Brazil4life precisa dos três, portanto, se você deseja nos ajudar ou precisa de ajuda, por favor entre em contato conosco por email brazil4lifeintl@gmail.com ou ligue para nosso escritório em Belo Horizonte 31 3347-3072 ou celular/whatsApp 3199482-6082

Caso você deseje nos ajudar financeiramente. Você pode fazê-lo através do site www.brazil4life.org, clique na bandeira brasileira e clique em “doe” para uma doação com o cartão. Se desejar fazer depósito bancário: Caixa Econômica Federal , Ag. 3311, Operação 003, Conta Corrente 1318-1, Brazil4Life, CNPJ 17.620.679/0001-14

Estamos arrecadando fundos para obter um número 0800. Muitas mulheres não nos procuram porque não possuem fundos para fazer uma ligação telefônica. Se fornecermos um número 0800, elas terão livre acesso a nós.

Que conselho você deixa para as mulheres que estão grávidas e pensando em abortar?

Se você está gravida e considerando fazer aborto, eu entendo que sua situação é difícil, você deve estar se sentindo sozinha, desamparada e se considera uma tola. Sem mencionar o fato que o pai da criança não quer saber do caso, seus pais e irmãos te desprezaram e seus amigos também. Talvez este não seja o caso, porém, você não deseja ter um filho agora porque acha que é a hora errada. Você tinha outros planos para essa fase da vida e acha que o bebê vai te atrapalhar. Também sei que você não é assassina e que será uma mãe exemplar e amorosa, porém, não consegue encaixar essa nova realidade à sua vida. Seja lá qual for o motivo pelo qual você não deseja esse bebê, nós não estamos aqui para julgar ou condenar. Queremos que você saiba que existem outras opções e nós estamos aqui para ouvir sua história e falar sobre opções que serão favoráveis a você e ao seu bebê. Por favor ligue para nosso escritório 31 3347 3072 ou envie uma mensagem whatsapp para 31 99482-6082. Nós estamos interessados em te ajudar a tomar uma decisão da qual você nunca se arrependerá. Deus abençoe você e seu bebê!

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