Conheça “Salve o 1%” o grupo pró-vida que defende quem foi concebido num estupro

rebeca-61Patti Smith, Darlene Pawlik e Rebecca Kiessling – as três foram
concebidas em estupro e defendem o direito a vida sem exceções.

As pessoas concebidas no estupro devem ser abortadas? O bebê intrauterino tem direto a nascer se for diagnosticado como deficiente? É possível classificar as pessoas entre quem pode viver e quem podemos abortar?

Essas questões têm sido amplamente discutidas no Brasil e, para falar sobre elas, o Contra o Aborto contatou o Salve o 1%– uma organização composta por pessoas que foram concebidas no estupro, mulheres que engravidaram numa violação e gestantes de bebês diagnosticados como deficientes.

Rebecca Kiessling, fundadora da organização, foi quem nos atendeu. Ela – que foi concebida num estupro e quase abortada – conta sobre a missão do Salve o 1%.

O que te levou a fundar essa organização?

Comecei essa organização porque encontrei muitas pessoas com histórias similares a minha. Eu as colocava no meu website www.rebecakiessling.com, mas percebi que seria melhor se houvesse um lugar próprio para isso, que não dependesse do meu nome, e que pudesse continuar independentemente do que acontecesse comigo.

Uma organização onde as pessoas concebidas em estupro pudessem se sentir parte de um grupo, parte de uma família – isso porque entre nós há uma ligação muito especial por causa das experiências de vida que tivemos. Pouquíssimas pessoas podem entender o que nós passamos.

Eu também queria que fosse um recurso para o movimento pró-vida, que nossas vozes pudessem representar todos os casos considerados como os casos difíceis no debate sobre o aborto – e esses casos não são só os casos de estupro, mas também os das anomalias fetais e outros diagnósticos pré-natais desafiadores.

Por que a organização se chama “Salve o 1%”? O que isso quer dizer?

O nome “Salve o 1%” faz referência a dois sentidos.

Primeiramente, dentro do movimento pró-vida nos Estados Unidos há uma forma de pensar decepcionante, onde a maioria dos líderes pró-vida aceitam salvar 99 em troca de um.

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Logo do Salve o 1%

Eles chamam isso de “analogia do edifício em chamas” e questionam “você não salvaria 99 em troca de um?”. Mas o problema é que eles param de jogar água, mandam os caminhões de bombeiros embora e assistem o edifício terminar de queimar com o um dentro.

Há muitas leis que foram aprovadas, especialmente no congresso americano, que incluem a exceção em caso de estupro e que estão em vigor há décadas. Ninguém nunca voltou para salvar o um – mas esses são a prioridade no coração de Deus. Eles são os que precisam ser salvos por primeiro, e não por último.

A outra referência é porque, sempre que ouço “os 99 e o um”, não posso deixar de pensar na parábola da ovelha perdida: em que Jesus estava determinado a salvar o um.

A parábola começa dizendo “não desprezeis nenhum destes pequeninos”. Que coisa estranha de se dizer! Quem poderia desprezar um pequenino?

Bem, nós [pessoas concebidas no estupro] somos chamados de coisas horríveis como “germe do demônio”, “lembrança horrível do estupro”, “monstrinhos”, “bebê do estupro”, “contaminador de genes”… e por aí vai.

Você nunca é chamado de “filha de uma vítima do estupro” – mesmo apesar da grande maioria das vítimas do estupro escolherem criar os próprios filhos e os amarem de todo coração. Nós somos absolutamente desprezados [pela sociedade].

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Logo principal da organização Salve o 1%

Jesus continua e diz “Cuidado para não desprezarem um só destes pequeninos! Pois eu lhes digo que os anjos deles nos céus estão sempre vendo a face de meu Pai celeste.” E nos conta a parábola da ovelha perdida, onde o Bom Pastor deixa as 99 ovelhas para salvar uma.

Ele termina a parábola dizendo “Da mesma forma, o vosso Pai que está nos céus não quer que nenhum destes pequeninos se perca”, e nem nós deveríamos querer!

Aquele que é a prioridade no coração de Deus, o último de todos, os pequeninos, estão sendo desprezados e assassinados; e são eles que deveriam ser salvos por primeiro. Ele não quer que nenhum desses pequeninos morra.

Como vocês atuam?

A missão do Salve o 1% é educar sobre porquê todas as crianças no ventre da mãe devem ser protegidas pela lei e aceitas pela sociedade, sem exceção e sem condições.

Queremos educar os pró-vidas, legisladores, religiosos e líderes sobre como articular uma defesa adequada às crianças concebidas em estupro ou incesto, e também àquelas que têm necessidades especiais.

Nosso propósito é contar as nossas histórias para demonstrar o valor e a dignidade das nossas vidas, e levar a discussão dos “casos difíceis” do conceito teórico para a vida real.

Nós nos esforçamos em mostrar a realidade de que existem a nossa volta dezenas de milhares de mães que engravidaram num estupro e dezenas de milhares de crianças concebidas num estupro; e de que existe ajuda, apoio e esperança para todos os afetados por essa dura realidade.

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Rebecca Kiessling com Fátima Pelaes e Dr. Lenise Garcia.

Você foi concebida num estupro. Como é o relacionamento com a sua mãe biológica?

Hoje minha mãe biológica e eu temos um relacionamento excelente!

Minha família adotiva era um tanto abusiva, e mais ou menos seis anos atrás, minha mãe biológica e o marido dela me adotaram legalmente.

Eu amo adoção! Eu mesma adotei crianças; mas a minha situação foi peculiar e para mim foi como um conto de fadas quando a minha família adotiva me renegou e a minha mãe biológica e o marido dela decidiram me adotar.

Entretanto, quando minha mãe biológica estava grávida de mim, ela procurou me matar em dois abortos ilegais e eu quase fui abortada; mas o fato de que era ilegal fez com que ela voltasse atrás – o que era o caso da maioria das mulheres.

Quando nos conhecemos eu tinha 19 anos, ela estava muito feliz em me conhecer, mas me contou que se o aborto fosse legal, ela teria me abortado.

Foi muito duro para mim.

Nos primeiros seis anos depois que nos conhecemos, ela era pró-escolha; mas depois mudou de ideia. Hoje, minha mãe biológica e eu somos gratas por termos sido nós duas protegidas pela lei e por termos sido poupadas do horror do aborto.

Ela é a vovó Joanne para todos os meus 5 filhos, ela já apareceu na televisão em rede nacional comigo e vem me ouvir quando dou palestras. Ela tem muito orgulho de mim e do trabalho que eu faço.

Além de mim, ela teve mais 2 filhos, mas eu sou a única que a honra.

Como ajudar as gestantes e bebês que são vítimas de um estupro?

rebeca-3-e1476127343752-620x740Minha mãe biológica disse que não existiam centros de ajuda a gestante em crise na época em que ela engravidou de mim, mas que se houvesse, ela teria ido.

As vítimas do estupro precisam de ajuda e não de aborto. O aborto sempre explora o medo. Ouça as preocupações das gestantes e tudo o que você vai ouvir são medos. Esses medos precisam ser tratados um a um. Ela precisa que alguém lhe ofereça esperança e ajuda. Essas mulheres geralmente se sentem isoladas, como se fossem as únicas nessa situação e para elas apenas ouvir ou ler histórias como as nossas é muito encorajador.

As mulheres precisam ser encorajadas de que são capazes de amar muito e que elas são mais fortes do que pensam. Elas precisam ouvir que você acredita nelas e que você está ali para ajudá-las. Elas também precisam considerar a realidade de que o estuprador está vivo e continua vivendo a vida dele, então porque ela deveria punir o bebê inocente pelo crime do estuprador?

Isso é o que essas mulheres percebem. Quando elas se dão conta de que a criança é inocente e que é mais uma vítima junto a elas, elas não consideram mais o aborto.

Muitas contam que se sentiam como se tivessem um anjinho para lhes fazer companhia durante o seu tempo de cura e que o bebê lhes ajudou a superar o estupro.

Depois de ser estuprada, muitas mulheres param de cuidar de si mesmas e é o bebê quem as ajuda a voltar a se cuidar novamente, porque elas percebem que têm uma outra pessoa que precisam delas.

Como conhecer o trabalho realizado pelo Salve o 1%?

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