Por Julia Holcomb
Em novembro de 1973, pouco depois do meu 16º aniversário, conheci Steven Tyler num concerto em Portland, Oregon. Para entender o que leva uma menina de 16 anos ir se encontrar nos bastidores de um concerto de rock do Aerosmith e entrar num relacionamento de três anos vivendo junto com Steven Tyler, você precisa de algumas informações essenciais.
Trauma familiar
Meu pai biológico abandonou minha mãe enquanto éramos crianças. Ele era um jogador atraente e desonesto que entrou e saiu de nossas vidas, deixando um rastro de dívida e infidelidade. Minha mãe foi incentivada a fazer um aborto (ilegal) por mais de um membro da família quando ela descobriu que estava me esperando (a filha do meio). Felizmente ela me deu à luz e mais tarde ao meu irmão mais novo, e foi uma mãe amorosa. Quando as dívidas de jogo do meu pai causaram o seu pequeno salário de professora ser penhorado, ela pediu o divórcio. Mesmo depois do primeiro divórcio, ela tinha sido uma boa mãe, levando-nos à igreja, lendo a Bíblia para nós de manhã antes da escola, cantando para nós à noite e orando conosco pelo nosso pai errante. Ela era boa e cuidava de nós, eu sempre soube que podia ir à ela para receber ajuda. Quando minha mãe se casou novamente com o meu primeiro padrasto (que era alcoólatra) as coisas ficaram difíceis.
Um trauma devastador atingiu nossa família no verão de 1971 quando eu tinha 13 anos de idade. Meu irmão mais novo morreu num acidente de carro quando voltava para casa depois de uma viagem de acampamento com nossos avós. Ele tinha 10 anos. Meu avô também morreu, minha avó perdeu uma perna, e minha irmã e eu nos ferimos. O acidente de carro e o trauma familiar desencadearam uma cadeia de eventos que levou minha mãe e meu primeiro padrasto a se divorciarem.
Meu padrasto foi internado por um curto tempo em um hospital de saúde mental, e minha mãe teve um colapso emocional. Minha irmã e eu fomos morar com meus tios por alguns meses.
Quando voltamos para casa com minha mãe depois do divórcio, as coisas não eram as mesmas. Minha mãe parecia ferida e desiludida com a vida. Sem a estabilidade de uma família, ou da igreja, todos lutamos para nos recuperar da morte do meu irmão. Ela ainda estava trabalhando como professora, mas estava morando com o meu segundo padrasto, embora ainda não estivessem casados. Ele é um homem que eu passei a amar e respeitar ao longo do tempo, ainda que em 1970, quando ele estava morando com minha mãe, ele era diferente do que ele é hoje e nós não gostávamos um do outro.
A minha irmã e eu erámos deixadas sozinhas a maior parte do tempo. Antes, eu tinha sido criada indo a igreja, mas depois do acidente nós nunca mais voltamos. Minha irmã e eu nos tornamos revoltadas e rebeldes. Minha irmã saiu de casa quando tinha 16 anos, e foi de mochila pelo país com o namorado. Lá estava eu, aos 15 anos; minha irmã se havia ido e eu me sentia como se estivesse no caminho. Havia uma sensação de que eu era um obstáculo no relacionamento da minha mãe com este novo homem.
Minhas amizades mudaram dos jovens da igreja para os jovens do centro de jovens do bairro. Alguns deles usavam drogas e bebiam.
Conhecendo Steven Tyler
Alguns meses antes de conhecer Steven, quando tinha 15 anos, fiz amizade com uma garota que tinha acesso as festas de bastidores nos concertos. Ela tinha 24 anos. Embora nosso relacionamento tenha sido breve, ela foi um ponto de mudança crucial no curso da minha vida, essa amizade foi uma das mais perigosas que já tive.
Ela rapidamente me ensinou a como me vestir de forma reveladora para ser notada e a usar do sexo como um gancho para tentar pegar uma estrela de rock. Eu ainda me lembro de estar me vestindo para ir ao concerto do Aerosmith, para ir aos bastidores com ela. Eu tinha ouvido a música “Dream On” e vi a foto do Steven na capa do álbum.
Fui ao concerto esperando me encontrar com Steven e depois do concerto nos vimos pela primeira vez. Naquela época, eu achava que ele era a melhor coisa da minha vida.
A minha história triste e vulnerável, a minha juventude e atração pessoal capturou o interesse dele.
Minha mãe assinou a minha tutela para o Steven depois que eu me mudei para Boston. Lembro da minha surpresa quando Steven me contou que ela tinha assinado os papéis e por tentar aceitar isso na minha cabeça.
Um sentimento de vulnerabilidade veio sobre mim ao saber que ele tinha a minha custódia mas não estávamos casados.
Ele não tinha expressado intenção de um relacionamento de longo prazo comigo. Ele tinha mencionado que queria os papéis de tutela para que eu pudesse viajar com ele pelos diferentes estados quando ele estivesse em turnê. Eu disse a ele que minha mãe não me entregaria assim a ele. E perguntei como ele tinha conseguido isso. Ele respondeu “Disse a ela que precisava deles para você se matricular na escola.” Eu me senti abandonado pela minha mãe, assim como pelo meu pai e meu padrasto. Steven era realmente minha única esperança naquele momento.
Eu me perdi na cultura de Rock ‘n Roll. O mundo do Steven era sexo, drogas e rock ‘n roll, mas não parecia menos caótico do que o mundo que eu havia deixado para trás. Eu não sabia ainda, mas eu mal conseguiria escapar viva.
A Gravidez
Quando vivíamos juntos, tomava a pílula anticoncepcional. Não é verdade que minha gravidez com Steven foi não planejada, como foi escrito. Depois de alguns meses juntos, Steven me falou do seu desejo de ter um filho. Ele tinha crescido na zona rural de New Hampshire e às vezes ele se comportava como um menino do campo de pé-no-chão. Ele queria uma família e me perguntou se eu estava disposta a ter um filho com ele. Fui tocada pela sua sinceridade e disse que sim. Eu queria filhos, e comecei a acreditar que ele deveria realmente me amar uma vez que ele tomou a minha custódia legal e estava pedindo para ter filhos comigo. Ele jogou minhas pílulas anticoncepcionais fora pela varanda do hotel onde estávamos, e elas caíram na rua.
Dentro de um ano, fiquei grávida. Eu nunca tinha engravidado antes, ao contrário do que Steven escreveu. No começo, Steven e eu estávamos felizes com o bebê. Lembro de lhe dizer “estou grávida”, e pela reação dele, acreditei que ele realmente ficou feliz. Ele me pediu em casamento alguns meses depois e eu disse “Sim”. Ele me levou a New Hampshire para contar a seus pais sobre o bebê e o casamento. Ele perguntou a sua avó se podia me dar a aliança dela. Seus pais estavam em conflito sobre a idéia de Steven e eu nos casarmos. A mãe dele apoiou tudo o que Steven queria e me lembro de realmente amá-la. Ela era uma senhora bondosa, com um maravilhoso senso de humor. Seu pai tinha sérias reservas por causa da minha idade e imaturidade.
A avó dele se recusou em nos dar o anel. Ela amava Steven mas expressou preocupação de que se nos divorciássemos, o anel sairia da família. Rapidamente as coisas para nós dois desmoronaram. Quando fomos embora naquela noite, Steven e eu tivemos uma discussão acalorada: eu achava que ele deveria me comprar um anel numa joalheria e que deveríamos nos casar de qualquer forma. Ele não.
Olhando para trás, eu não o culpo por mudar de vontade depois que seus pais expressaram preocupações. O casamento é um passo sério que não deve ser feito repentinamente, mesmo quando um bebê está a caminho. Mesmo assim, eu estava numa posição ruim. Eu pensava que eu o amava, eu queria me casar com ele, e ele me pediu para casar com ele; agora o casamento estava fora de questão e eu estava muito brava por ele não ficar do meu lado. Parecia uma mudança de vontade covarde depois de ele ter me pedido para ter um bebê com ele e propositalmente me feito engravidar. Pela primeira vez percebi que eu não deveria ter sido tola de conceber uma criança fora do casamento com um homem que poderia não estar interessado em um relacionamento para a vida toda. O fato de ele ter a minha tutela complicava as coisas. Eu estava subordinada a ele como numa relação parental e eu sentia que eu tinha pouco controle sobre minha vida. Eu tinha confiado nele e agora era o momento da verdade.
O Incêndio
Aconteceu no outono de 1975. Voltamos para o nosso apartamento em Boston e em umas poucas semanas ele estava de turnê com a banda. Eu estava sozinha e grávida no apartamento sem dinheiro, sem educação, sem cuidado pré-natal, sem carteira de motorista e com pouca comida.
Steven me telefonava todos os dias para saber como eu estava e lhe pedi dinheiro para ir ao mercado. Ele prometeu enviar Ray Tabano no dia seguinte para me levar de compras. Ray era um amigo de infância de Steven e tinha sido guitarrista na banda original. Lembro de estar na janela esperar Ray chegar. Ele chegou ao apartamento e eu o deixei entrar pela porta da frente.
A coisa seguinte que me recordo é de acordar dentro de uma densa nuvem de fumaça e de lutar para respirar. Ray não estava. Do sofá, caí no chão, na sala da frente. O sofá não estava queimando e eu não tinha queimaduras no meu corpo, mas uma fumaça preta grossa estava tomando o quarto. A fumaça era menos densa no chão, mas ainda assim, eu mal conseguia ver.
Eu estava com medo mas calma o suficiente para pensar numa série de comerciais que Bill Cosby tinha feito e se chamava “Aprenda a não se queimar”. Uma mensagem era: se você estiver numa sala cheia de fumaça, deite-se no chão porque o ar é mais claro no chão. Eu sabia que tinha só alguns minutos para sair daquele apartamento. Eu rastejei até a porta da frente, que estava ao lado do sofá em que eu estava deitada. O apartamento tinha pelo menos três fechaduras na porta da frente. Havia um cadeado com chave na maçaneta, uma trava de segurança e uma barra de segurança que se inclinava da porta até o chão. Steven insistia em manter tudo bloqueado em todos os momentos porque ele geralmente tinha drogas em casa e tinha sofrido um arrombamento em nosso apartamento anterior na Beacon Street. Todas as fechaduras estavam travadas e não consegui mexer na barra de segurança. Eu estava engasgada e sabia que precisava ir para a escada de trás que levava a cozinha e a uma saída externa.
Quando cheguei às escadas, a fumaça e o calor das chamas estavam subindo pela escada. O corrimão estava queimando de tão quente no topo. Queimei uma das minhas mãos agarrando o corrimão antes de perceber que era impossível descer aquelas escadas através do fogo. Não havia saída.
Bill Cosby estava lá em minha mente de volta. Ele tinha dito em um desses comerciais que se você está presa num incêndio, um bom lugar para procurar abrigo é uma lareira vazia. Eu rastejei até a lareira no nosso quarto e me deitei dentro dela. Estava vazia e limpa e a chaminé estava aberta. Uma fumaça preta enchia o ar e subia fervendo pela chaminé, mas havia uma pequena bolsa de ar no chão onde eu estava deitada. Comecei a cair inconsciente e sabia que eu estava prestes a morrer. Eu estava assustada e me senti tão sozinha. Acreditava que merecia ir para o inferno por causa dos meus muitos pecados e eu não me sentia preparada para morrer.
Acima da chaminé estava pendurada uma imagem do menino Jesus chamada “A Luz do Mundo”, de Charles Chambers. Esta imagem estava pendurada na sala de aula da minha avó onde ela ensinava a primeira série. Eu tinha sido uma de seus alunos quando eu tinha 5 anos. Eu costumava olhar para aquela foto todos os dias na escola quando a vovó iniciava a aula com uma oração. Num ano as escolas decidiram tirar todas as imagens de Jesus e proibir a oração na sala de aula, então minha avó levou a foto para casa. Pendurou em sua sala de visitas por anos, e quando ela morreu me foi dado esta imagem como uma memória dela.
Quando disse à minha mãe que eu estava grávida, ela me enviou essa imagem e eu a pendurei sobre a lareira no apartamento do Steven. Agora, eu estava deitado debaixo dela, perto da morte. Pensei na minha avó, lembrando de um dos versículos bíblicos que ela me ensinou e rezava:
“Nas tuas mãos encomendo o meu espírito; tu me redimiste, Senhor Deus da verdade.”
Eu estava pensando nas palavras finais de Jesus na Cruz como um meio de suplicar por misericórdia. Eu não esperava viver e ainda assim senti grande paz quando fechei meus olhos.
Mais Além do Pesadelo
Acordei no hospital. Havia soro no meu braço e um médico falava lentamente comigo, como se falasse com uma criança. Ele perguntou: “você sabe o seu nome?” “Meu nome é Julia Holcomb”, respondi. Ele fez mais perguntas e ficou aliviado ao ver que, apesar da severa inalação de fumaça, eu não tinha sofrido danos cerebrais. O bebê que eu levava também sobreviveu ao incêndio.
Steven estava lá no meu quarto de hospital. Ele disse que estava feliz por me ver viva e parecia muito abalado. Steven me disse que estavam contando o oxigénio no meu sangue de uma artéria no pulso. A última vez que a enfermeira tinha tomado, ela havia derramado lágrimas porque pensou que eu não iria sobreviver, e disse com tristeza “ela é tão jovem”. Steven me disse que o médico não esperava que eu vivesse, e pensou que se eu vivesse teria danos cerebrais por causa da falta de oxigênio. Ele me deu um ursinho de pelúcia e eu me agarrei a ele. Ele me disse que eu tinha recebido muitos cartões e flores de pessoas me desejando bem. Eu estava muito cansada para falar e adormeci novamente.
No hospital um médico entrou no meu quarto e disse que meus pulmões estavam notavelmente livres de dano de fumaça. Ele disse que Steven tinha falado com ele sobre a possibilidade de eu ter um aborto, visto que eu era tão jovem e estava me recuperando da inalação de fumaça. Fiquei surpreendida e lhe perguntei se o bebê estava bem. Ele sorriu e me tranquilizou de que o batimento cardíaco estava bom e o bebê parecia bem. Eu lhe disse que não faria um aborto. Eu queria o meu bebê. O médico foi gentil e apoiou minha decisão. Ele não me pressionou de forma alguma. Ele me perguntou se eu tinha tomado drogas enquanto eu estava grávida. Eu disse “Sim, às vezes.” (eu fiz na ocasião uso de cocaína, mas não no grau que Steven estava abusando) O médico me disse que as drogas eram ruins para mim e para o bebê. Ele disse que eu não deveria usar mais enquanto estivesse grávida. Eu fiquei envergonhada porque eu sabia que ele estava certo. Eu disse “ok” e pretendia parar.
O Aborto
O médico saiu do quarto e Steven entrou. Ele me disse que eu precisava fazer um aborto por causa do dano de fumaça nos meus pulmões e a privação de oxigênio que eu tinha sofrido. Eu disse “não”, eu queria o bebê. Eu estava grávida de cinco meses. Eu não podia acreditar que ele estava mesmo me pedindo para fazer um aborto nesse estágio. Ele passou mais de uma hora me pressionando para ir em frente e fazer o aborto. Ele disse que eu era muito jovem para ter um bebê e que ele teria dano cerebral porque eu tinha estado no incêndio e usado drogas. Eu fiquei quieta e repeti a resposta “não” mais de uma vez. Eu disse que ele não deveria me pedir para tomar essa decisão enquanto eu ainda estivesse no hospital. Ele disse que eu tinha que fazer o aborto já, que a gravidez estava muito avançada para esperar porque seria ilegal fazer um aborto na outra semana.
Ele se sentou ao lado da minha cama de hospital, mas não olhamos um para o outro. Eu disse não de novo. Finalmente ele desistiu e disse: “Ok, você pode ir para casa para sua mãe e ter o bebê lá.” Eu estava exausta e comecei a me sentir desesperada. Minha mãe e meu padrasto não ficariam felizes se eu voltasse para casa grávida. Eu acreditava que eles também iriam querer que eu fizesse um aborto. Comecei a sentir que a vida estava desmoronando em cima de mim. Eu não tinha seguro de saúde nem dinheiro e não acreditava que Steven tinha intenção de prover ajuda para o nosso bebê ou para mim. Ele não estava fornecendo cuidados médicos para mim até esse momento. Eu acreditava que ele estava me abandonando, assim como o meu pai e a minha mãe tinham. Comecei a chorar e concordei em fazer o aborto. Steven estava aliviado e feliz. Ele me assegurou que ele cuidaria de mim e que depois do aborto tudo ficaria bem.
Fui transferida para outra parte do hospital e um médico diferente realizou o aborto. Foi um pesadelo horrível que nunca vou esquecer. Fiquei traumatizada pela experiência. O meu bebê teve um defensor na vida: eu, mas eu cedi à pressão por causa do medo da rejeição e do futuro desconhecido. Eu gostaria de voltar e ser dada essa chance novamente, para dizer não ao aborto uma última vez. Eu gostaria, de todo meu coração, poder ter visto esse bebê viver a sua vida e crescer para ser um homem.
O médico não explicou como seria o procedimento. Steven assistiu quando o médico perfurou meu útero com uma grande agulha. Então eu fui levada para um quarto para esperar as contrações. Steven se sentou do meu lado no hospital até acabar. Quando a enfermeira saiu da sala ele estava cheirando cocaína na mesa ao lado da minha cama. Ele até me ofereceu uma vez, mas eu me virei, amargurada por dentro. Steven, sob efeito da cocaína, estava emocionalmente distante, testemunhando o procedimento mas cortado da reação normal e sentimentos de horror que você esperaria. Na época eu estava chocada e ferida por seu comportamento.
Mas agora sei que num nível inconsciente ele deve ter sido traumatizado ao testemunhar a morte de seu filho primogênito de uma forma tão horrível e direta. Steven assistiu o bebê sair e ele me disse mais tarde, quando estávamos em New Hampshire, que ele tinha nascido vivo e deixado para morrer (eu não fui permitida de ver o bebê quando ele nasceu). Mais tarde Steven me disse que tinha sido um menino e que agora ele sentia uma culpa terrível e um sentimento de horror sobre o que ele tinha feito. Eu não sabia que tal coisa poderia ser feita legalmente. Eu não poderia imaginar um mundo onde um pequeno bebê poderia nascer vivo e ser jogado de lado como desprezível, sem nunca ver o rosto de sua mãe.
Nada voltou a ser o mesmo entre nós depois daquele dia, embora eu não voltasse para casa por mais de um ano. Fiquei muito quieta e retirada depois do aborto. Eu estava sofrendo a perda do meu bebê e eu não poderia nunca olhar para Steven novamente sem lembrar do que ele tinha feito para o nosso filho e para mim. Eu tinha acabado de viver um incêndio horrível que quase me tirou a vida, mas o aborto fez com que eu sentisse que parte de mim morreu com o meu bebê. Eu me senti enganada e traída, e com raiva de mim mesma por concordar com algo que eu sabia que estava errado. Senti uma raiva profunda e quase ódio pelo médico que realizou o aborto.
Todos ao meu redor pareciam seguir em frente com a vida, mas eu estava carregando uma ferida que não iria embora. Steven já estava envolvido com outras mulheres naquela época. O fato de que ele era meu guardião complicava as coisas porque ele era legalmente responsável por mim. Eu era jovem, tinha desistido do ensino médio, e não entendia meus direitos legais na época. Eu me sentia completamente impotente.
Deixei o Steven em fevereiro de 1977 e voltei a viver com a minha mãe e o meu padrasto. Steven ligou algumas vezes depois que voltei para casa e então nunca mais ouvi falar dele novamente.
Renascendo das Cinzas
O caminho para a recuperação foi um processo lento. Quando voltei para casa da minha mãe eu estava com meu espírito quebrantado. Eu não conseguia dormir a noite sem pesadelos sobre o aborto e do incêndio. O mundo parecia um lugar sombrio. A minha mãe e o meu padrasto tiveram um lindo garotinho. Ele era uma alegria e eu não podia não estar feliz quando eu estava com ele. Meu amor pelo meu meio-irmão abriu meu coração em direção ao meu padrasto e eu comecei a ver que ele estava tentando ser um bom marido e pai.
Minha mãe percebeu que a igreja fazia falta e eles estavam frequentando uma Igreja Unida Metodista em nossa área. Eu comecei a frequentar com eles e me lembro que o ponto de virada para mim foi um retiro cristão de uma semana no verão na costa de Oregon. Havia jovens adultos da minha idade, cantávamos canções, havia fogueiras, estudos bíblicos, encontros de oração, e eu sai de lá com a esperança renovada de que Deus existia; Ele me amava, apesar dos meus pecados, e eu poderia encontrar perdão e uma medida de felicidade verdadeira em uma família minha se eu começasse a reconstruir a minha vida.
Logo fui batizada. Minha mãe me ajudou a conseguir o meu diploma de 2º grau e consegui o meu primeiro trabalho como recepcionista. Comecei a frequentar as atividades para jovens e a igreja se tornou a corda de salvação que me puxou para fora da névoa de tristeza, pesar e culpa depois dos meus anos com Steven. Eu encontrei perdão em Jesus. Perdoei-me, perdoei a minha mãe e o meu padrasto, e rezei pela graça de perdoar Steven.
Ganhei a confiança para sair de casa e me matricular na faculdade. Aluguei um quarto de uma viúva idosa que morava perto do campus. Foi quando conheci Joseph, que agora é meu marido.
O meu marido é o meu verdadeiro herói. Ele tem sido um marido amoroso, um pai generoso, e tem trabalhado duro para prover para a nossa família. Meu marido me ama e me perdoou de coração e não deixou o meu passado definir a compreensão que ele tem de quem eu sou como pessoa. Se eu tivesse mantido meu bebê, acredito que Joseph e eu estaríamos casados hoje da mesma forma, mas nossas vidas seriam mais ricas por causa de sua presença em nossa família. Deus tem sido generoso em nos dar a alegria de crianças e netos que são um lembrete constante da presença de Deus em nossa vida. Eu me impressiono pela forma como Deus me protegeu ao longo dos anos.
Hoje eu sou católica romana pró-vida, mãe de sete filhos e neste ano o meu marido e eu vamos celebrar o nosso 30º aniversário de casamento. Joseph e eu tivemos seis filhos, e dou graças por cada um deles, pois eles são verdadeiramente um presente de Deus. Nós também somos guardiões legais de uma linda garotinha cuja jovem mãe fez escolheu a vida em uma gravidez difícil, e depois confiou-a aos nossos cuidados.
Joseph e eu aderimos à Igreja Católica em 1992, através das Catequeses para a Iniciação Cristã de Adultos. O ensino da Igreja Católica sobre o respeito a vida, bem como o sacramento da confissão, me trouxe a um nível ainda mais profundo de cura e paz. Temos estado ativos em ministérios dentro da igreja que apoiam a família, o casamento e o respeito a vida.
Tudo as Claras
Para deixar as coisas claras:
– Eu nunca estive grávida antes de conhecer Steven Tyler, nem nunca fiz um aborto prévio e Steven sabe que isso é verdade.
– Não acredito que comecei o fogo que queimou o seu apartamento, mas sou grata a Deus pelos corajosos bombeiros que me tiraram do edifício em chamas.
– Nunca lhe pedi dinheiro depois que voltar para casa. Entrei no relacionamento com Steven sem nada e saí sem nada, exceto arrependimentos.
– Embora eu tivesse me apresentado a ele de uma forma altamente sexual, nós não fizemos sexo em lugares públicos como ele escreveu em seu novo livro. O seu contínuo exagero no nosso relacionamento é intrigante para mim. Ele tem falado de mim como um objeto sexual sem qualquer dignidade humana. Eu me comprometi nestes longos de nunca falar dele, mas ele repetidamente tem me humilhado na mídia e com distorções do nosso tempo juntos. Eu não entendo por que ele faz isso. Tem sido muito doloroso.
O Amor Sobrevive
Apesar de tudo, eu não odeio Steven Tyler, nem sou uma pessoa amarga. Rezo pela sua sincera conversão de coração e espero que ele possa encontrar a graça de Deus. Sei que eu também sou responsável pelo que aconteceu naquele dia. Alguém pode dizer que o meu aborto pode ser justificado por causa da minha idade, as drogas e o fogo. Eu não acredito que qualquer coisa possa justificar tirar a vida do meu bebê. A ação é má. Rezo para que a nossa nação mude as leis para que as vidas de inocentes fetos sejam protegidas.
Rezo para que todos aqueles que tiveram abortos, ou tenham participado de alguma forma num procedimento de aborto, possa encontrar na minha história, não julgamento ou condenação, mas uma esperança renovada no amor inabalável de Deus, o Seu perdão e a Sua paz.
As jovens garotas da nossa nação, especialmente aquelas como eu, que têm experienciado trauma e abuso, e são vulneráveis à exploração, não devem ser usadas como brinquedos sexuais, machucadas por abortos para livrar seus parceiros da responsabilidade financeira, e, em seguida, como os filhos que elas levavam no ventre, serem jogadas fora como um objeto indesejado.
O casamento e a família são os blocos que constroem todas as sociedades virtuosas. Aprendi esta lição num julgamento de fogo que me ensinou a confiar no plano de Deus, não importa o que aconteça. Rezo para que a nossa nação possa também encontrar o seu caminho de volta a Deus, respeitando a vida deas crianças no ventre da mãe e fortalecendo a santidade do casamento.
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Depois que saí do hospital e me recuperei do incêndio, Steven Tyler trouxe a minha imagem de Jesus, A Luz do Mundo, e me deu. Ele disse que foi a única coisa que sobreviveu ao incêndio. Estava coberta de fuligem negra, e o papelão que estava atrás da foto foi chamuscado, mas eu limpei e a imagem agora está pendurada na entrada da minha casa.
“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (João 8, 12)
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Artigo original: The Light of the World – the Steven Tyler and Julia Holcomb story.
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Veja também:
– “Jesus, o que foi que eu fiz?”, aborto que Steven Tyler pressionou a namorada a fazer
Relato incrível….