“Eu não queria, mas a assistente social disse que eu tinha que abortar”

Uma das consequências da legalização do aborto é que grávidas que não querem abortar estarão ainda mais desprotegidas diante uma coerção para “tirarem o feto”.

Sobretudo mulheres carentes ou em situações de vulnerabilidade, que necessitam de apoio para serem mães, se verão, com a descriminalização do aborto, forçadas – por outros – a matar o filho.

A pressão para abortar pode vir do parceiro (que a ameaça abandonar e é violento), dos pais (sobretudo se a grávida for jovem e dependente deles), de um chefe no trabalho, de um profissional de saúde, entre tantos.

O caso abaixo aconteceu na Espanha – país onde o aborto é legal e mais de 2 milhões de crianças foram abortadas.

Era cedo demais para engravidar, eu tinha apenas 14 anos, mas aconteceu.

Me chamo María e vivo em um bairro de Madri.

No início me assustei, mas meu namorado me apoiava, dizia que se tinha acontecido, nós tínhamos que encarrar juntos.

Ele tem 16 anos e é mais maduro que eu. Tive que contar à minha mãe, que ficou muito desgostosa com a situação. Ela disse que pediríamos ajuda ao Serviço Social Municipal, que algo tinha que ser feito, porque uma menina na minha idade precisa de toda a ajuda do mundo numa situação dessa.

No despacho da Assistente Social escutei coisas muito estranhas, parecia que eu não estava presente, se falava da minha gravidez como de fosse de outra pessoa.

Ela dizia que eu não podia ser mãe na minha idade, que era impossível, que não havia nenhum tipo de ajuda e que eu tinha que abortar, não havia outra solução. E do seu despacho, ela pediu uma consulta no hospital para o dia seguinte.

Me levaram quase a força, eu não podia acreditar que me encontrava em um hospital público onde iriam fazer comigo algo que eu não queria! Então saí correndo dali, fugi e voltei para casa.

A assistente social telefonou para minha mãe e disse que apesar de eu ter perdido a consulta, me conseguiria outra rapidamente, e que eu teria que abortar sim ou sim!

Minha mãe não sabia o que fazer, a coitada me via chorar porque eu não queria abortar mas pensava que a assistente social sabia mais do que ela, e por isso tínhamos que fazer o que ela mandava.

Graças à uma amiga que soube do que estava acontecendo, umas voluntárias da Fundação RedMadre vieram até meu bairro me ver. Conversaram comigo, com minha mãe e com meu namorado, nos deram toda a ajuda que precisávamos para eu não abortar.

Foi então que nos demos conta de que existem sim ajudas para mães em apuros, mães tão jovens como eu. É claro que não são ajudas públicas mas em associações, e são reais.

Também nos contaram que se a gestante não quer, ninguém a pode obrigar a abortar, nem os Serviços Sociais, nem a família, nem o parceiro, nem o trabalho.

É uma pena que muitas adolescentes como eu sejam obrigadas a abortar contra a vontade, que a maioria seja enganada.

Já tenho minha filha comigo e minha mãe está muito feliz em ser uma vovó tão jovem.

Algum dia meu namorado e eu nos casaremos, quando estivermos preparados; no momento, já somos pais e somos muito felizes!

María, de Madri (Espanha)

Com informações: Fundación RedMadre

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