Por Tathiane Locatelli e William Murat
Na Irlanda, durante décadas a 8º emenda protegeu grávidas e nascituros ao reconhecer ambos como seres humanos com direito a vida e a proteção.
A revogação da 8º emenda foi um objetivo que o movimento pró-aborto trabalhou por muitos anos. Durante os últimos 35 anos, a sociedade irlandesa passou por 6 referendos que tentaram legalizar o aborto no país.
As cinco votações anteriores foram em 1983, três em 1992 e uma em 2002 – todas falharam.
Somente após agir por anos sobre a forma de pensar da população, a religiosidade, os valores e realizar uma pujante campanha publicitária antes de levar a sociedade até as urnas é que o aborto finalmente foi aprovado.
A sociedade irlandesa já dava sinais de abandonar a própria identidade e de mudar em direção aos novos padrões globalistas: em 2015 o país legalizou o casamento homossexual; e em 2017, Leo Varadkar, um político que é gay assumido, tornou-se o primeiro ministro. No dia da votação que aprovou o aborto, ele disse: “O que vimos hoje é realmente a culminação de uma revolução silenciosa que tem acontecido na Irlanda nos últimos 10 ou 20 anos”.
Uma campanha fundada em mentiras
A campanha pró-aborto apresentou o aborto como um direito da mulher e como uma questão de saúde; explorando, particularmente, o caso de Savita Halappanavar.
Em 2012, Halappanavar, com 17 semanas de gravidez, morreu de sepse (envenenamento do sangue) no Hospital Universitário de Galway.
Três investigações oficiais descobriram que a gestante de 31 anos morreu de uma infecção no sangue causada por “bactérias extremamente virulentas”, E. coli ESBL, e só veio a falecer porque houve negligência médica. Segundo a Health Information and Quality Authority, que investigou a sua morte, os médicos perderam 13 oportunidades para salvar a vida da paciente.
Apesar disso, ativistas pró-aborto mentiram sobre sua morte e fizeram propaganda de que um aborto haveria salvado a vida de Halappanavar – apelando para que a sociedade irlandesa aprovasse o aborto como um direito necessário à saúde das mulheres.
Sem apoio dos médicos
Grandes doações financeiras internacionais foram feitas para derrubar a 8º emenda; a mídia mainstream, celebridades (nomes como a banda U2 e o premiado ator Russell Crowe, por exemplo), e todos os partidos políticos da Irlanda (você leu bem: todos!) alinharam-se a favor do aborto – e isso bastou para convencer o eleitor que é mais humano dar os meios para as mães irlandesas matarem o seu próprio filho do que dar condições, cuidado médico e apoio para que ela possa ter a criança.
Mesmo assim, nem todos na sociedade ficaram do lado do establishment pró-aborto e um dos grupos menos manipuláveis foi o dos médicos irlandeses: muitos deles opuseram-se diretamente à legalização do aborto, afirmando que a revogação da 8ª Emenda não faria absolutamente nada para ajudar as mulheres irlandesas.
Atualmente a Irlanda tem uma das menores taxas do mundo de mortalidade materna, e é reconhecido pela própria OMS como um dos lugares mais seguros do mundo para a gestante – o que confirma que abortar não é necessário à saúde da mulher, mas justamente o contrário.
Dr. Trevor Hayes, nomeado como “O Obstetra do Ano” na Irlanda em 2009 e 2013, criticou:
As propostas do governo [de liberação do aborto] não são apenas extremas: são também completamente desnecessárias. As mulheres na Irlanda têm direito a qualquer tratamento médico necessário durante a gravidez (…).
Nosso recorde fenomenal em saúde materna mostra claramente que essa abordagem [pró-vida] funciona. A Irlanda se classifica consistentemente como um dos países mais seguros do mundo para as mulheres darem à luz de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
Os hospitais irlandeses são mais seguros para mulheres grávidas do que no Reino Unido, nos EUA, na Holanda ou na França: todos os países com aborto sob demanda.”