Nem bem começou o governo de Jair Bolsonaro e já dá para ver que gente bem próxima a ele parece que está se lixando para o eleitorado que o colocou lá.
Em uma desastrada entrevista ao jornal O Globo, o General Hamilton Mourão, vice-presidente declarou-se favorável ao aborto. Eis o trecho da entrevista publicada.
O Globo: Como o senhor acha que tem que ser tratado dentro do governo os temas de gênero?
Mourão: O governo tem que tratar de forma objetiva. É uma questão de saúde pública. Doenças sexualmente transmissíveis são uma questão de saúde pública. A questão do aborto também é algo que tem que ser bem discutido, porque você tem aquele aborto onde a pessoa foi estuprada, ou a pessoa não tem condições de manter aquele filho. Então talvez aí a mulher teria que ter a liberdade de chegar e dizer “ preciso fazer um aborto”.
O Globo: Até mesmo nos casos em que a mulher não tenha condições de manter o filho?
Mourão: Minha opinião como cidadão, não como membro do governo, é de que se trata de uma decisão da pessoa.
O Globo: O senhor acha que poderiam ser ampliadas essas possibilidades de aborto?
Mourão: Pessoalmente, eu acho que poderia.
Nota-se logo de cara que foi o próprio vice-presidente quem trouxe a questão do aborto à tona. O repórter havia perguntado sobre gênero e o general respondeu dizendo, genericamente, que a questão tem que ser tratada como “questão de saúde pública”. Em seguida, emenda logo uma fala sobre doenças sexualmente transmitidas (DSTs), o que soa bem estranho, e mostra um completo desconhecimento do que seja a questão de gênero sobre a qual o repórter perguntava.
Se ele tivesse terminado sua resposta aí, provavelmente a manchete dos jornais mostrariam que o general é completamente ignorante sobre a questão de gênero, o que deve mesmo ser o caso. Mas como ele parece que gosta um bocado de holofotes e microfones perto de sua boca, pois, do nada, ele pula para o assunto aborto sem sequer ser perguntado sobre isto. Parece que o militar seguia um manual sobre como aparecer na mídia a qualquer custo…
Sobre o aborto, ele continua desfiando sua ignorância. Diz ele que o o tema tem que ser bem discutido. Imagino que o general deve ter andado bem enfurnado na caserna nos últimos anos, pois o tema vem sendo discutido e a população brasileira continua se mantendo amplamente contrária a qualquer tipo de ampliação dos casos em que o aborto não é punido.
Será que o general não sabe nada sobre isto? Será que ele esteve tão ocupado que não soube que os governos tanto do PSDB quanto do PT, e a esquerda em geral, fizeram o que podiam para favorecer a liberação do aborto no Brasil, e que a cada movimento neste sentido a população continuou se mantendo contrária a esta abominável prática? Ou será, na verdade, que o que o general pretende é tomar para si o papel que PSDB e PT andaram fazendo nas últimas décadas em relação ao aborto? É o que parece pela sua frase seguinte…
Ao continuar sua desastrosa resposta, Mourão diz que uma das condições para o aborto deveria ser
“a pessoa não tem condições de manter aquele filho. Então talvez aí a mulher teria que ter a liberdade de chegar e dizer “ preciso fazer um aborto”.”
Este fala do vice-presidente é não apenas ridícula como mostra que ele, que diz que o tema “tem que ser bem discutido”, parece não ter utilizado dois segundos de seu tempo para pensar sobre a questão. O que ele está dizendo, com a superficialidade de um adolescente, é que um aborto deveria poder ser feito por qualquer motivo. Notemos que ele não fala em qualquer tipo de limitação de tempo gestacional, de malformação fetal ou coisa do tipo. Nada. A fala do general é o sonho da militância abortista.
O que ele declarou é tão absurdo e tão fora das linhas gerais do governo Bolsonaro que o repórter perguntou novamente, com as exatas palavras do vice-presidente, como para confirmar se o entrevistado entendia mesmo o que estava declarando:
“Até mesmo nos casos em que a mulher não tenha condições de manter o filho?”
E o general confirma dizendo que se trata de uma decisão da pessoa… Nem uma palavra sobre a vida humana em gestação que se iniciou na concepção, nem uma palavra sobre a covardia que é matar um ser indefeso (como militar, talvez ele devesse entender um pouco sobre isto), nem uma palavra sobre as graves conseqüências do aborto para as mulheres… Nada. Foi uma pura e simples defesa do aborto por demanda.
E o general ainda utilizou a tática de Lula e Dilma para lidar com a questão, mas de forma invertida. Os governantes petistas sempre que tinham que lidar com a questão diziam-se pessoalmente contra o aborto, mas que isto não podia influenciar suas decisões de governo. Evidente que isto era mentira, como já mostramos diversas vezes aqui no blog, que era utilizada apenas como forma de apaziguar as consciências culpadas de seus eleitores, que parecem preferir serem enganados que admitir que votam em abortistas.
Já Mourão, por sua vez, inverte a tática e se diz pessoalmente favorável ao aborto, mas que isto não expressa sua opinião como membro do governo. Então tá…
Isto é ridículo e até mesmo o general deve saber disto. Mourão, quem diria, em apenas 1 mês de governo juntou-se a Lula e tornou-se um ser bicéfalo quando a questão é o aborto. O bom é que ele mostrou sua verdadeira face logo no início do governo e deverá ser tratado como a devida precaução em questões como o aborto e outras de igual peso.
Se os abortistas do Brasil, com a prisão de Lula, necessitavam de um novo comandante para sua causa, parece que agora já têm um. Boa sorte, general, para comandar uma tropa especializada em matar aqueles que não podem se defender. Que baita evolução!